quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Entrou Walters


EM FEVEREIRO DE 2006, portanto, dois meses depois de conquistar o Mundial de Clubes, entrei no Morumbi lotado e não fui reconhecido por ninguém. Uma peruca estilo black power e um par de óculos escuros me deixaram irreconhecível. Lógico que não cheguei assim ao estádio para um jogo. Aliás, nesse dia fui até o Morumbi a pé, com um grupo de amigos, para ver o show do U2.

Saí de casa fantasiado. O outro jogador mais famoso na turma era o zagueiro Lugano, este só usando como disfarce um boné. Recordo-me de que, no caminho, perguntava ao uruguaio se havia como alguém me reconhecer.

-Lugano, cê acha que vou ser descoberto? – gritava.
-Rogério, fala baixo. Lugano não é exatamente um nome comum.

Sandra me repreendia. Sei é que tínhamos camarotes para o show, mas acabamos descendo pra pista. Como era verão, e aquela peruca esquentava demais, curti a banda irlandesa ao natural, sendo interrompido algumas poucas vezes para fotos e autógrafos. Só voltei a colocar a peruca e óculos na hora de ir embora, quando restavam três, quatro músicas para terminar o espetáculo.

Essa ea história do show aproveitado. Vamos agora à do perdido em março de 2007.
Roger Walters (compositor, vocalista, baixista e um dos fundadores do Pink Floyd) se apresentaria no Brasil. Quem me conhece sabe o que isso significava pra mim. Ouço Pink Floyd desde moleque, influenciado pelo meu irmão mais velho, Rudmar. No instante em que tomei conhecimento da vinda de Roger Walters, telefonei para o Rudi no Mato Grosso e lhe prometi que confirmado o show no Morumbi, arrumaria ingressos e passagens pra ele e pro Felipe, meu sobrinho guitarrista.

Os ingressos vieram parar rápido nas minhas mãos. Dez cortesias, num bom setor.
Na semana do show o SPFC foi ao México enfrentar o Necaxa pela primeira fase da Copa Libertadores. Perfeito! A partida era na quarta-feira, e o Roger Walters se apresentaria no sábado.

Domingo enfrentaríamos o São Caetano pelo Campeonato Paulista, jogo sem grande importância. Como o Muricy Ramalho pouparia alguns titulares, estava decidido a pedir (pela primeira vez na vida) uma folguinha no fim de semana.

O time vivia uma fase muito boa. Estava invicto havia 29 partidas, e eu botava a maior fé em mais uma vitória. O lateral esquerdo Jadilson abriu o placar pra gente e, no fim do primeiro tempo, aos 43 minutos, tivemos uma grande chance de decidir o jogo. Eu tive. E perdi. Bati mal o pênalti e, no segundo tempo, os mexicanos viraram.

Resultado final do jogo: 2 x 1.

Um repórter me perguntou o que eu sentia naquele momento. Respondi brincando que tinha vontade de me jogar do avião. No dia seguinte, abro o jornal e dou de cara com a seguinte manchete: “Rogério pensou em se jogar do avião”. Não perceberam a brincadeira.
Mas, pensando bem, olha que não seria má idéia não. Com tudo que aconteceu, simplesmente não conseguiria pedir pra ficar fora da rodada do Paulista. Enfrentei o São Caetano, acumulando cinco derrotas em cinco dias.

Perdi o pênalti, perdi do Necaxa, perdi a invencibilidade de cinco meses, perdi o único show a que fazia questão de assistir na vida (sendo que, enquanto estava concentrado no CT, todos lá de casa foram), e perdi pro São Caetano por 1 x 0.

Concorda agora que é o lance do avião não era má idéia?
Brincadeira, hein, gente! Brincadeira...
Rogério Ceni.



CENI, Rogério. Maioridade penal – 18 anos de histórias inédias da marca da cal contadas por André Plihal, Rogério Ceni. – São Paulo: Panda Books, 2009. P. 119-121.

7 comentários:

  1. Dri como o R. Ceni é lindo né? Adorei conhecer esse fato...tenho orgulho de ter ele no nosso clube!!!!
    Parabéns pelo texto...amei*
    Bjo Sua linda

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  2. A se isso acontece em dia que o morumbi recebe o Tricolor... a Lugano e Rogerio eu reconheceria... eu acho... rs

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  3. Olá !

    Gostei do blog e dessa postagem, ainda não li esse livro.
    Me visitem ! Beijão !

    Lina
    ***(*) ******(*)

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  4. Comprem o livro dele. Eu li faz uns meses, é demais.

    Saudações tricolores!

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  5. Muito boa essa história...hehe

    Preciso muito ler o livro do Rogério Ceni.

    Vlw, Dri! Bjs!

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  6. Rsrrss....mtooo boa essaa...hahha..nem passaria na minha cabeça q poderiam usar disfarces...hahha

    Rogerio e Luganoooo juntosss....ai ai aiaiii

    Deu vontaade de ler o livrooooo....

    Bjusss

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